[CASTIEL] MARGINAIS PARISIENSES
Ola Doces e Docetes esta fanfic foi feita por : CelesPenderwick
( No amor doce , agradeço se nao a encomodarem pedindo ela em amizade no amor doce )
Capítulo 1 - Eu vou para Paris! (narrado por Hana)
As férias de inverno tinham sido inconvenientes até então. Tudo o que eu tinha feito era conversar com Íris pelo telefone por horas e horas até o celular pré-pago começar a apitar - o que, a propósito, era quase uma sirene - anunciando o fim dos créditos.
Foi quando minha mãe anunciou, fazendo um escândalo na cozinha, que não aguentava mais olhar para os lados todos os dias e ver as mesmas paredes que ela conhecia como a palma da mão direita. "Eu quero viver, dá pra entender Samuel?", ela berrava com meu padrasto, provavelmente com a intenção de que a vizinhança viesse dar uma força, pois todo mundo em um raio de quilômetros a estava ouvindo.
Desci as escadas. Revirava os olhos a cada vez que um grito ensurdecedor de minha mãe parecia explodir meus canais auditivos.
- Caramba, dá pra parar com a gritaria?! Já que eu vou ter que ficar presa nesse mausoléu mesmo, não me forcem a esconder o corpo de vocês debaixo desse lugar! - ironizei, esperando que eles calassem a boca. Na verdade, eles só se viraram para mim por alguns segundos e voltaram de discutir. Não que já não fossem rotineiras as brigas, mas essa estava alta suficiente para me deixar incomodada.
Foi quando um berro superou todos os outros: - Eu vou para Paris, e nem tente me impedir! - a voz aguda de minha mãe se sobressaiu e fez Samuel se calar. Então ela se virou para mim: - E você, Hana, vai comigo.
Capítulo 2 - Mamãe forever alone (narrado por Castiel)
O som de Going to California se difundia por toda a casa. Hector, provavelmente, estava em seu escritório no andar de cima, com portas fechadas e fones de ouvido que emitiam música clássica - das mais chatas. Essa era nossa solução para convivermos sem matarmos um ao outro: distância e isolamento de ambas as partes. Ele pagava as mensalidades do meu colégio e me sustentava enquanto eu fosse um menor de idade. Eu o acompanhava nos eventos e fingia que sentia algo por Hector que se assemelhasse ao amor fraternal. Se ele quisesse ser meu pai teria de me aceitar, e digamos que ele estivesse a alguns anos luz de compreender isso.
Foi quando a porta abriu, uma silhueta desligou o som e acendeu a lâmpada. Falando no demônio...
- Castiel, precisamos conversar. - ele parecia sério e determinado a ter alguma conversa comigo. Soltei uma gargalhada, e ele me repreendeu com um olhar severo. Não que eu me amedrontasse, mas preferia ouvir o que ele tinha a dizer do que começar mais uma daquelas discussões que terminavam sempre na mesma cena: ele tentava me dar um sermão e eu fingia que os fones de ouvido estavam desplugados.
- Seja breve. - Eu disse, tirando os pés de cima da cama para que ele se sentasse.
- Eu sei que fizemos um acordo, mas... - ele hesitou por alguns momentos - quero que me faça um favor.
- Isso não está me parecendo favorável, Hector. - franzi a testa, esperando que ele continuasse e, pelo amor de Deus, melhorasse o conceito que eu tinha sobre a palavra "favor".
- Quero que nessas férias você vá visitar sua mãe em Paris.
Capítulo 3 - Finalmente de pé (narrador)
A torre Eiffel parecia tão mínima quando se olhava de cima... Mas aposto que se você desse uma boa olhada no avião iria perceber que um encontro estava arriscando a vida dos viajantes.
Hana não havia notado Castiel, e o garoto não havia prestado muita atenção nos cabelos ruivos que balançavam inquietos na poltrona da frente. Desceram do avião e o Aeroporto parecia um formigueiro humano.
- Preciso de doce. - disse a garota para a mãe. Seu rosto abatido era o resultado de uma longa viagem sem comer nem ao menos uma barra de cereal. - Vou naquela lojinha ali e já te encontro no terminal.
Antes que Catrine respondesse, Hana já estava abrindo espaço por entre a multidão e virando apenas um borrão vermelho.
- Dá pra parar de me encher a paciência Lysandre? - Castiel resmungava enquanto o amigo não parava de reclamar que estava com fome.
- Mas, cara, tem que ter alguma lanchonete aqui. - ele vasculhava o local com os olhos e constatava que o único estabelecimento era uma pequena lojinha de chocolates e doces finos. - Ah, chocolates.
- Vai lá comprar e para de me torrar a paciência! - o ruivo carregava as malas com dificuldade pela multidão. Lysandre segurava a guitarra do amigo.
- Tem certeza de que vai me deixar sozinho com sua guitarra? - disse, sorrindo ao perceber que, relutante, Castiel o seguia até a pequena doceria.
Capítulo 4 - Aprendendo a roubar (narrado por Hana)
Estava analisando a vitrine da doceria quando um barulho alto me distraiu. Era um daqueles estabelecimentos irritantes que têm um sininho na porta. Toda vez que uma pessoa a abre você fica com vontade de tampar os ouvidos. Mas aquele som não era tão irritante quanto o que eu ouvi em seguida.
- Anda logo com isso Lysandre, precisamos chamar um táxi. - disse uma voz familiar logo atrás de mim. Me virei, surpresa por conhecer alguém naquele lugar. E então eu percebi que a surpresa não era tão agradável. Castiel. E naquele mesmo momento, como desgraça pouca é bobagem, ele também me reconheceu. - Cara, acho bom você se apressar mais um pouco. - ele disse, mas sem tirar os olhos dos meus.
- Não precisa de pressa, eu já estou saindo. - respondi, sem perceber que eu ainda tinha uma enorme barra de chocolate nas mãos. O sininho dessa vez não foi incômodo. O que realmente fez escândalo foi o alarme da loja. - Ou não.
- Ei, peraí, Srta. Hana roubando chocolates? - o ruivo soltou uma risada irônica e levantou uma sombracelha. - Você realmente entrou pro mundo dos crimes ou foi só a emoção de me ver? - de algum modo seu sorriso sínico me despertou um misto de sentimentos diferentes que você nunca tentaria bater em um liquidificador.
- Acho que a emoção de te ver não me faria roubar um chocolate, e sim me jogar de um prédio. - respondi, entredentes, ignorando a vendedora que tentava me dar um sermão.
- E eu acho que não vai dar para fazer isso daqui. Tenho quase certeza de que se jogando do balcão você só torce o tornozelo, e acho que não tem ninguém aqui para te ajudar. - Castiel também não parecia muito bem-humorado. Ele se aproximou de mim com os olhos cerrados. Logo percebi que eu estava em uma postura um tanto ameaçadora e relaxei os ombros.
- Falou o garoto que tem um relacionamento melhor com a guitarra que com o próprio pai. - sibilei, mas logo me arrependi. O garoto se afastou, seu rosto tinha uma expressão indecifrável, mas logo se notava que era infeliz. Ele fechou os olhos por dois segundos, sua respiração estava pesada. Balançou a cabeça em negação e saiu da loja, me empurrando com o ombro. Seu amigo, com uma expressão assustada, saiu logo atrás, mas foi mais rápido que ele.
Mordi o lábio inferior, tentando segurar uma enorme onda de culpa que parecia tomar conta de cada extensão do meu corpo. Larguei o chocolate em uma bandeja e saí correndo atrás dele. Precisava me desculpar ou não me sentiria bem pelo resto do dia. Quando estava suficientemente próxima, agarrei seu braço e o fiz parar.
- Você é forte para uma garotinha atrevida. - ele parecia tenso e sua aparência revoltada nem sequer cessava.
- Desculpa Castiel. Eu não quis dizer aquilo. - procurei olhar em seus olhos, mas ele sempre desviava o olhar. Eu o havia magoado de verdade.
- Mas disse, e ninguém se mete no meu relacionamento familiar. Ou na falta dele. Que seja. Você é uma idiota. Não passa de uma novata inconveniente. Agora me dê licença. - ele se virou novamente e dessa vez eu não o segui. Agora era eu quem estava magoada, e, no fundo, sabia que merecia ouvir aquilo.
- Finalmente te achei, filha. Vamos, o motorista chegou. - minha mãe balançou meu ombro, ela parecia apressada e eu a segui, sem o mesmo ânimo.
Capítulo 5 - Cama de casal (narrado por Castiel)
Fui andando sem um rumo certo por entre a multidão. O que Hana havia dito não deixava de ser verdade. De repente eu comecei a imaginar se eu trocaria a música pela vida dos meus pais e me toquei de que não. Eu não trocaria a música por dois ingratos que nunca me aceitaram de verdade. Já a música se moldava em meus sentimentos e se tornava minha melhor amiga quando eu mais precisava dela.
De repente os cabelos ruivos da garota passaram correndo por mim, ao lado de uma mulher mais alta e de cabelos alaranjados. Por algum motivo que ainda desconheço, prestei atenção em cada movimento de Hana. Seu jeito engraçado de correr, como se estivesse pulando. Seu sorriso forçado que mesmo assim não deixava de ser gracioso. Seu modo grosseiro de abrir caminho na multidão que quase me fez rir.
Estava quase me arrependendo do que havia dito quando Lysandre apareceu na minha frente.
- E aí, vai me explicar o que foi aquilo ou eu vou ter que ler sua mente?
- Não aconteceu nada. Aquela menina não sabe com quem está se metendo. Isso me irrita. - respondi sem muita certeza do que falava. Eu estava certo de que Hana tinha ciência de quem eu era, até porque algo nela a fazia ser muito parecida comigo.
- Tudo bem, então. - a expressão dele não parecia muito confiante em minha resposta, mas desde que ele não me fizesse mais perguntas, eu não estenderia o assunto.
Entramos no táxi que ele havia chamado e fomos levados a um hotel da elite francesa. Não me deixava surpreso que meu pai tenha feito isso. Ele era do tipo que não economizava dinheiro quando se tratava de exibir a fortuna.
- Pode nos dar as chaves dos quartos? Reservados por Hector Montgomery. - eu disse para o homem de terno atrás do balcão. Ele pareceu checar a tela do computador e respondeu em um forte sotaque francês.
- Ah, aqui está a chave. - disse, entregando uma pequena chave dourada com o número 13 gravado em letras delicadas.
- Acho que houve um engano, são dois quartos.
- Não, há só uma reserva. Fiquem tranquilos, são duas camas de solteiro. Ou preferem uma cama de casal? - ele ergueu uma sobrancelha, nos observando de cima a baixo.
- Ah, claro que não. Somos quase irmãos. - Lysandre se adiantou e pegou a chave da minha mão, se dirigindo ao corredor com os quartos.
Nos acomodamos no quarto que era quase um andar inteiro. Na verdade o quarto contava com duas camas de solteiro, que ficavam próximas a uma suíte. Sim, uma suíte. Além de tudo ainda havia uma cama de casal.
- Bem, não sei porque o senhor perguntou o que preferíamos se na verdade vamos ter tudo a disposição. - murmurei.
- Se quiser, dormimos de conchinha - Lysandre me empurrou e começou a rir da própria piada.
- Será que Castiel, o bruto de coração duro se apaixonará nessa viagem pela cidade da luz? - ele imitava a voz de um narrador de filmes enquanto andávamos pela cidade, procurando algum lugar onde o romance não nos fizesse querer vomitar açúcar.
- Cala a boca Lysandre. Daqui a pouco você arranja uma loira sem sal para grudar no seu pé durante toda a viagem. - falei, apontando para uma francesa que piscava para ele de dentro de um bistrô.
- Bom, não é má ideia. - e então foi em direção a garota, me deixando sozinho na calçada. Ri da situação e continuei andando. E então um borrão vermelho passou correndo pela minha frente. Notei que a parte acimentada da cidade acabava ali. Logo depois teríamos a grama verde que beirava o Rio Sena, o lugar preferido para um piquenique ao ar livre.
Continuei andando em direção ao rio e me deitei na grama. Fechei os olhos e me permiti sentir o vento em meu rosto.
- As formigas vão começar a subir em você, se continuar aí. Acredite, eu tentei. - uma voz feminina já conhecida se aproximou de meus ouvidos, seguida por uma ridada. A garota parecia ter se sentado ao meu lado.
Não abri os olhos.
- As formigas gostam de doce, e, acredite, essa é a característica que mais passa longe de mim. - sorri. O sol bateu em meu rosto e algumas bolinhas coloridas começaram a dançar no breu. Continuei de olhos fechados, observando o espetáculo.
- Você pode ser, se quiser. Sabe disso.
- Mas e se eu não quiser?
- Então estará imune a formigas. - a garota respondeu e ouvi os barulhos que ela fazia enquanto se deitava ao meu lado na grama.
- Você devia ser uma formiga. Eu seria imune a sua presença. - continuei, dessa vez com um pouco de seriedade.
- Isso te agradaria?
- Talvez.
- Depende de quem?
- Isso é um interrogatório?
- Isso foi uma pergunta retórica?
- Talvez.
- Caramba, para de falar talvez. Isso me deixa confusa. - ela respondeu, frustrada.
- É a intenção.
- Não, não é. Suas intenções são meras desculpas.
- Você não sabe disso.
- Mas eu sei que talvez não é uma resposta digna.
- Então me pergunte e tentarei te responder.
- Ok. Eu te incomodo?
- Sim. Minha vez de perguntar.
- Pergunte, sou um livro aberto.
- Não esconda as entrelinhas.
- Esconderei, eu sou um mistério. - ela respondeu rindo. Acabei rindo também.
- Por que você veio falar comigo?
- Porque queria te alertar sobre as formigas.
- Mentirosa.
- Eu sei. - riu de novo, o que me fez abrir os olhos. E então a brincadeira cessou. Não era mais tão engraçado.
- Oi Hana.
- Oi Castiel. - ela abriu o sorriso forçado que eu já reconhecia. Com o indicador toquei o canto de seus lábios, a fazendo desfazer aquele projeto de sorriso.
- Nada de sorrisos forçados. Odeio isso.
- Você me odeia Castiel, que diferença faz? - ela sorriu, dessa vez o sorriso era genuíno. Porém triste.
- Isso não é verdade. - eu disse, me sentando. Ela continuou deitada, olhando para mim e esperando que eu dissesse mais alguma coisa. - Você não é idiota.
- Não foi só isso o que você disse. - respondeu.
- Mas não podemos negar, você sabe muito bem ser inconveniente.
- Você sabe ser grosso.
- Você sabe ser chata.
- Você sabe ser incompreensível.
- Você sabe ser insensata.
- Eu gosto de ser assim. - ela rebateu, dessa vez sentando-se.
- Eu gosto que você seja assim. - abri um sorriso breve e me levantei.
- Já vai?
- Hotel Ampère, sabe onde é?
- Você está hospedado lá? Como assim? Ganhou um prêmio na loteria e eu não fiquei sabendo?
- Muito engraçado Hana. Até mais. - disse, resistindo a tentação de despedir-me tocando seus cabelos desgrenhados. Me virei, mas pude ver o sorriso que eu havia deixado para trás.
Capítulo 6 - Escalar parece divertido (narrado por Hana)
Observei ele indo embora. Soltei uma gargalhada alta demais ao vê-lo quase ser atropelado por uma criança de velotrol e deixar cair tudo o que tinha no bolso. Ajudei-o a juntar tudo e notei uma pequena chave dourada com o número 13 gravado.
Assim que Castiel sumiu de vista me levantei da grama, espantando algumas formigas que teimavam em ficar agarradas na calça jeans. Foi quando minha mãe se aproximou.
- Vejo que já fez amigos. - ela falou em um tom sério. Não entendi o motivo da repreensão.
- Na verdade, eu já conhecia Castiel. Ele estuda na Sweet Amoris. - respondi em um tom calmo, normal para variar, enquanto continuava batendo nos bolsos do jeans para que as formigas fossem embora.
- Não quero mais ver você falando com esse Castiel. - ao falar o nome dele minha mãe usou um tom que eu nunca havia escutado em sua voz. Um tom de desdém que me deixava inconformada.
- Esse Castiel? Não mãe, você está confundindo. Ele é o meu amigo, e não estou gostando dessa sua atitude em relação a ele. - respondi, surpresa ao ouvir o quanto soava incômoda a palavra "amigo".
- Fique quieta Hana, e vamos logo para o hotel. Já dei minha ordem, só resta a você obedecê-la. - respondeu, dando as costas para mim. Não dei um passo sequer.
- Não mãe. Não sei o motivo desse desprezo repentino por Castiel, mas eu irei descobrir. A única que precisa se cuidar é você. Agora anda logo, seus segredos não se escondem sozinhos. - ao dizer não esperei por respostas ou reações. Minha mãe sempre dava indícios quando estava mentindo ou omitindo o que quer que seja. E esses indícios estavam tão evidentes que brilhavam em volta dela.
Ao notar que não estava mais em seu campo de visão, encontrei um banco onde me sentar e fiquei por lá até anoitecer, o que seriam mais ou menos quatro horas. Minha mãe nunca escondia nada de mim, porém, quando isso acontecia, eu precisava me preocupar. E só de pensar que isso envolvia Castiel, minha mente parecia formigar.
E então me veio em mente que era muita coincidência eu estar em Paris ao mesmo tempo que ele. Pegamos o mesmo vôo.
Uma preocupação esquisita me veio em mente. Por que Castiel estava vindo para a França? Por que minha mãe decidiu do nada seu destino, e ninguém lhe tirava da cabeça que viria para cá?
Quando me dei conta de meus movimentos, já estava no saguão do hotel Ampère.
- Añh, vocês podem me informar em que quarto está hospedado Castiel Montgomery?
- Sinto muito jovem, não podemos lhe informar. - um senhor magrelo de terno deu uma rápida olhadela para mim e voltou a observar a tela de um computador.
- Nem podem pedí-lo para descer? É urgente! - tentei parecer desesperada.
- Depois das seis horas após o meio dia não podemos incomodar nossos hóspedes, minha cara. Peço que volte amanhã. - ele falou como se estivesse ensaiando essa frase a anos.
De jeito nenhum ele me deixaria entrar, então eu tinha que dar o meu jeito.
- Pode ao menos me informar em que andar fica o quarto 13? - disse com uma inocência que nem eu mesma sabia ter. Graças aos deuses me lembrei daquela bendita chave.
- Fica no terceiro andar. - ao ouví-lo não hesitei por nenhum segundo.
Me dirigi até os fundos do hotel. Ignorei como pude alguns mendigos e usuários de drogas que ficavam ali, apesar de me sentir triste por eles. Usei uma pequena escada que me levava até a cozinha do hotel, no primeiro andar. De lá foi fácil.
O cheiro de comida parecia abrir um buraco no meu estômago. Não havia notado que estava a algumas horas sem comer nada.
Segui em frente, passando por entre garçons e tentando agir normalmente. Peguei o elevador até o terceiro andar e finalmente achei o quarto 13. Bati na porta impacientemente até que Lysandre a atendeu.
- Hana? Faz o quê aqui? - sua expressão era perplexa.
- Quero ver Castiel. Não, quer dizer, quero falar com ele. - corei um pouco. As palavras que saíam da minha boca não faziam muito sentido se formos contar com o fato de que eu havia brigado com o garoto a menos de um dia.
- Ele ainda não chegou, quer entrar para esperar?
Assenti com a cabeça e adentrei o enorme quarto.
- E então, como fez para te deixarem entrar nessa prisão? Ah, e, por favor, me chame de Lys. - ele sorriu, amigável, e fez sinal para que eu me sentasse em uma cama de casal perto da porta. Ele se sentou a uma distância razoável e esperou que eu respondesse.
- Eu escalei os fundos do hotel. - revirei os olhos para como a atitude parecia esquisita quando era falada em voz alta.
- Só para ver Castiel? - ele sorriu com ironia e ergueu a sobrancelha, um pouco como o ruivo costumava fazer.
- Eu tenho algo urgente para falar. - respondi, querendo de verdade que fosse só isso. Para ser sincera, eu estava ansiosa não só para perguntar o que ele estava fazendo na mesma cidade que eu, mas também para vê-lo.
- Ah, sei... Ele vai ficar feliz de te ver aqui?
- Suponho que não. Mas dane-se, vai ter de me ouvir. - sorri.
- Vocês dois são tão parecidos que me dá medo. - Lysandre falava quando a porta se abriu.
- Ei Lys, e a francesa? - Castiel começava a falar, mas então me viu lá e cerrou os olhos. - Hana?! Estou tendo uma miragem ou sentiu minha falta? - sorriso irônico seguido de sobrancelha erguida. Tão típico.
- Vai sonhando, ruivo. - tentei imitá-lo, mas deve ter saído uma careta - Eu preciso conversar com você.
- Então trate de despachar Lysandre. - ele riu e fez um sinal para o amigo.
- Fiquem calmos, não sou muito de segurar velas.
Ele saiu e revirei os olhos. Notei que Castiel fazia o mesmo.
- E aí, o que quer falar? - disse, pegando uma lata de coca cola e jogando no meu colo. Sentou-se a uma distância tão curta que eu quase pude ouvir sua respiração.
- Por que veio para Paris? - perguntei, abrindo a lata de refrigerante.
- Porque é uma cidade linda e romântica? - soltou uma gargalhada.
- Certamente que você não veio aqui arrumar uma namorada. - comecei a rir também, me esquecendo momentaneamente do meu objetivo ali.
- E quem disse que eu não tenho uma? - ele pareceu sério e, de repente, me senti como nunca antes na vida. Nada do que ele já tenha me dito havia me magoado tanto. E então, ele riu da minha expressão. - É mentira.
Bati no seu ombro, o fazendo cair na cama.
- Ai! Cara, já disse antes que você é muito forte para uma garota atrevida. - e então me puxou, fazendo com que eu caísse deitada ao seu lado. Por sorte eu tive tempo de largar o refrigerante na cabeceira.
- Então, os dois olhando para o teto novamente. - disse, rindo, e ele me acompanhou.
- Bom, acho que você não escalou os fundos do hotel para me perguntar se eu tinha uma namorada.
- Como você sabe que eu fiz isso?
- Acha mesmo que eu sou politicamente correto? Por favor, pessoas amáveis também escutam atrás da porta. - sorriso irônico, sobrancelha erguida. Eu amava isso.
- Ah. - revirei os olhos e continuei. - Pode me explicar por que a minha mãe demonstra total desprezo quando se trata de você?
- Talvez porque nenhuma mãe queira um genro mal humorado e rockeiro. - ele se virou para mim e piscou. Eu sabia que era brincadeira, mas meu coração parecia não entender isso.
- Estou falando sério Castiel. - e então eu o empurrei, dessa vez no chão. Dois segundos depois e ambos estávamos rolando no chão feito duas crianças. Um lançando almofadas no outro.
- Eu também falo sério, Hana. Você tem que aprender que eu não sou só bom humor e brincadeiras. - ironizou, se aproximando de mim. Eu não notei no momento, mas as mãos de Castiel pairavam em minha cintura. As minhas estavam agarradas a seus ombros. Bem, aquilo teria sido um beijo se Lysandre não tivesse esquecido o celular no quarto.
- Interrompo alguma coisa. E isso não é pergunta, é afirmação. - o garoto de cabelos cinzentos falou, pegando o celular na cômoda e saindo rapidamente.
O mais esquisito é que Castiel ainda não havia largado minha cintura. Ah, não, mais esquisito que isso: eu realmente não queria que largasse.
- Acho que eu preciso ir. - falei sem me mover.
- Acho que você está com fome. - Castiel respondeu sem se importar muito com o que eu havia dito.
- Acho que você tem razão.
- Eu sempre tenho razão. - sorriu. Tirou suas mãos de minha cintura, passando-as por meus cabelos para depois me ajudar a levantar.
- E então, o que vamos comer? - perguntei, segurando sua mão sem nem notar o movimento.
- Sugiro um hambúrguer com bacon, fritura e mais coca cola.
- Não podia ser melhor. - rimos juntos - o que já estava virando comum - e saímos andando em busca de alguma lanchonete.
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